sábado, 11 de novembro de 2017

Vidas Secas / São Bernardo

Nome: Bruna Gonçalves Lopes Ferreira da Silva                            Matricula: C68938-6
Nome: Cibelle Graziela Lessa                                                          Matricula: T43802-0
Nome: Rafael Pereira da Silva                                                         Matricula: C530FF-0

Redigido por: Bruna G. L. F. da Silva

Nas obras Vidas Secas e São Bernardo, ambos de Graciliano Ramos, há a utilização do discurso indireto livre. É uma técnica que une o dinamismo e a simultaneidade dos acontecimentos da narrativa. Quando o autor se apropria desta técnica, não há marcas que demonstrem que são falas do narrador ou falas do personagem, portanto, fica difícil de determinar o início e o fim das falas do personagem por que também estão inseridas as falas do narrador, eximindo- o de qualquer tipo de sentimento, reação ou pensamento do personagem. Nestas obras há também o uso do discurso indireto (em que o narrador fala pelo personagem) e do discurso direto (o personagem tem liberdade para se expressar).

Um exemplo de discurso indireto livre em Vidas Secas é quando Fabiano, Sinhá Vitória e seus dois meninos estão caminhando pelo sertão:
“(...) Em que estariam pensando? Zumbiu Sinhá Vitória. Fabiano estranhou a pergunta e rosnou uma objeção. Menino é bicho miúdo, não pensa. Mas Sinhá Vitória renovou a pergunta – e a certeza do marido abalou-se. Ela devia ter razão. Tinha sempre razão. Agora desejava saber que iriam fazer os filhos quando crescessem.
– Vaquejar, opinou Fabiano.” (RAMOS, 1938, p.68)
Em São Bernardo, um exemplo de discurso indireto livre é quando Paulo Honório se dirige ao hotel, logo depois de conhecer D. Glória e Madalena no caminho:
“No hotel marchei para o banheiro, fui tirar o carvão e o suor. E ia-me sentando à mesa quando chegaram João Nogueira, Azevedo Gongim e padre Silvestre.” (RAMOS, 1934, pág. 49)
O tempo nas duas obras tem traços cronológicos, onde os personagens retratam fatos decorrentes de seu próprio presente na história, relatando o cotidiano e suas relações com outros personagens das respectivas obras. Porém, o que mais se pode observar é o tempo psicológico, que vem da mente dos personagens e transmite a sensação de que se prende às memórias de acontecimentos em suas vidas e que lhe trouxeram resultados (nestas duas obras) negativos. Isso se torna um marco em suas vidas e, quando vivenciadas novamente, fazem parecer que a duração destes acontecimentos fosse longa, porém tinha durado por apenas alguns minutos ou horas.

Trecho de tempo psicológico em Vidas Secas:
“Pobre do papagaio. Viajara com ela, na gaiola que balançava em cima do baú de folha. Gaguejava: - “meu louro.” Era o que sabia dizer. Fora isso, aboiava arremedando Fabiano e latia como Baleia. Coitado. Sinhá Vitória nem queria lembrar-se daquilo. Esquecera a vida antiga, era como se tivesse nascido depois que chegara à fazenda.” (RAMOS, 1938, p.43)
Trecho de tempo psicológico em São Bernardo:
“A voz de Madalena continua acariciar-me. Que diz ela? Pede-me naturalmente que mande algum dinheiro a mestre Caetano. Isto me irrita, mas a irritação é diferente das outras, é uma irritação antiga, que me deixa inteiramente calmo. Loucura uma pessoa estar ao mesmo tempo irritada e tranquila. Mas estou assim. Irritado contra quem? Contra mestre Caetano. Não obstante ele ter morrido, acho bom que vá trabalhar. Mandrião! A toalha reaparece, mas não sei se é esta toalha sobre que tenho as mãos cruzadas ou a que estava aqui há cinco anos.” (RAMOS, 1934, p. 102 e 103).
BIBLIOGRAFIA

O DISCURSO INDIRETO LIVRE EM VIDAS SECAS, DE GRACILIANO RAMOS http://www.filologia.org.br/abf/volume3/numero1/05.htm
Dialogismo e ironia em São Bernardo, de Graciliano Ramos https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/113710/ISBN9788539303571.pdf?sequence=1
A LITERATURA SOB UMA PERSPECTIVA MÍTICA E SIMBÓLICA: A ANÁLISE DE VIDAS SECAS http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/1604/TCC%20-%20Vin%C3%ADcius%20Dill%20Soares.pdf?sequence=1

ANÁLISE DO ROMANCE SÃO BERNARDO, DE GRACILIANO RAMOS. http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=58651&cat=Artigos

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